Buscando introduzir a psicoanálise em seus filmes, Alfred Hitchcock convidou, em 1945, Salvador Dalí para criar a cenografia da sequência onírica de "Spellbound" ("Quando fala o coração", no Brasil). Foi assim que o espanhol produziu mais de 20 minutos de cenas surrealistas, das quais apenas alguns poucos minutos foram aprovados para a edição final. Estruturas arquitetônicas impossíveis e esquizofrênicas cenografias podem ser vistas no filme, as quais pelo estilo podem se relacionar diretamente com as pinturas surrealistas do artista.
Hitchcock comentou: "Eu tinha a impressão de que se deveriam ser apresentadas sequências oníricas, estas deveriam ser vividas... chamei Dalí por sua grande execução gráfica. Desejava apresentar os sonhos com uma grande nitidez e claridade visual, mais precisos que o próprio filme: as longas sombras, a infinidade da distância e as linhas convergentes da perspectiva” .
"Parecia como uma casa de jogos, mas não tinha paredes... apenas muitas cortinas com olhos pintados. Um homem que passeava com enormes tesouras e cortava as cortinas pela metade".
"Havia alguém sobre o telhado inclinado de um edifício, era um homem barbudo, gritei para que ele tivesse cuidado... então, começou a cair vagarosamente com os pés no ar. Logo, voltei a ver o proprietário, estava escondido atrás de uma chaminé e tinha uma roda em sua mão. O vi arremessar a roda ao telhado".
"Não sei porquê eu corria, algo me golpeava a cabeça, um grande par de asas que me perseguiram até que cheguei ao pé da montanha".
SINOPSE
O diretor de uma clínica psiquiátrica, o doutor Murchison, será substituído pelo doutor Edwardes. Nesse centro também trabalha a doutora Constance Petersen, que é caracterizada por sua dedicação psiquiátrica e por seu caráter frio e distante. Quando chega o doutor Edwardes, Constance se apaixona perdidamente por ele. Mas nada é o que parece.
Veja a sequência de quase três minutos na continuação.
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Cine y Arquitectura: "Destino", una colaboración entre Walt Disney y Salvador Dalí